domingo, setembro 19, 2004

Como insistir vinte vezes no erro

Eu prefiro a minha vida ruim, os meus livros ruins e a minha cama velha do que tudo o que tem de mais original, divertido e sexy. A minha vida comum, os meus não-amigos-de-sempre, aquela coisa da qual todo mundo foge. Prefiro a minha casa, o meu cachorro que eu ainda não vi hoje, meus papéis velhos, os bilhetes de cinema, a cola antiga, os sapatos velhos, a cortina rota.

Não quero ser a mais legal, a única e original, a que tem o rosto mais bonito. Prefiro o meu corte no queixo, que eu fiz na borda da piscina na aula de natação. Eu não quero ter bons pensamentos e ver a lua sorrindo pra mim. Gramas verdinhas, pássaros cantando, o maldito pôr-do-sol. Não quero o perfume doce ou o carro que corre.

Eu quero todo dia o meu cobertor, minhas músicas ruins e a vista do parque sujo. Gosto da minha vida de tédios, da minha poltrona amarela e das atrizes ruivas das novelas. Não tem essa de passar o dia descrevendo a mente humana, as cores bonitas e a textura correta. Eu gosto da lâmpada de mercúrio no poste, a cidade vazia e o clima frio e seco. Eu não quero aprender a acertar, não quero latim, não quero russo. E eu juro que não quero ser eficiente. Eu só quero pensar. É melhor do que bruma ou água mineral, paisagens de morro, ou a vida após a morte.

3 Comments:

At 12:06 AM, Anonymous Anônimo said...

Vc esqueceu de citar seus amigos ruins...
:(

 
At 12:13 AM, Anonymous Anônimo said...

E se vc vai reagir dizendo que seus "não-amigos-de-sempre" estão lá, devidamente citados, já lhe adianto que não me encaixo nessa definição, logo...

 
At 11:04 AM, Anonymous Anônimo said...

Em homenagem à empregada que organizou os livros por autor: Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo. Mas este post está no lugar errado. Então, foda-se. O importante é a consciência da experiência, você vê que até 79 dias de atraso servem para alguma coisa...

 

Postar um comentário

<< Home