terça-feira, outubro 04, 2005

Fiesta

Ou: The sun also rises.
Ainda: o melhor do espólio de família.

Acorda. Ajeitar as meias até os joelhos, esticar o lençol, acender um cigarro e entrar no banho. Pegar a seleção de músicas com Mutantes, Chet e Stones, não esquecer os óculos escuros e os papéis, as cópias e o número de telefone.

Cartório com certidão de casamento falido dos pais, receita do remédio para a farmácia de manipulação e depois a garagem do shopping. Dividir em três vezes no cartão o casaco marrom, igualzinho o da Barbie. Idêntico, incrível. Uma piada de R$ 110.

De volta, preparar a água quente com sais de essência de baunilha para os pés. Bacia de plástico vermelha, de propósito. Sentar na luz do sol que bate no chão. Só para sentir o cheiro da fumaça colorida que sobe quando o pó penetra na água e vem subindo até a superfície. Mais tarde, arroz e feijão com novela na TV.

Setor de Indústrias Gráficas, lote 340. Copiar e colar, conserto com s, muitos gols. Volta e vem outro cigarro, para iluminar o asfalto preto e as ruas vazias. Para combinar com o mercúrio dos postes de iluminação pública.

Localizar o Hemingway mais empoeirado que já existiu em tradução portuguesa. Touradas; e eu só quero ser a Brett.
– Trabalhar para o bem geral. Mostrar ironia e compaixão.

De agora em diante, eu e mais ninguém.
Da novela reprisada, “felicidade é ter apetite”.