segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Nothing more than feelings

Para salvar o resto do fim de semana, algumas coisas. Antes, dizer que trabalhei muito na sexta, no sábado e no domingo. Porque o futebol existe por todo o Brasil, porque os Rolling Stones fecharam Copacabana e porque o Bono Vox tinha assuntos para tratar com o presidente.

Precisava assistir o novo Woody Allen, saber qual era a piada desta vez. Porque sou cética mesmo com as classificações de filmes. Drama e W.A. no mesmo cartaz. Estava certa. Apesar de haver um assassinato "homem-mata-amante" – sim, esta é a surpresa do filme – a grande piada era o Hitchcock. Uma enorme piada de suspense. Quando saio da sala de cinema, vejo que o mundo está caindo. Malditos trópicos. O horário de verão não acabou? Espera, restaurante chinês que mais parece uma boate freqüentada por mafiosos orientais. Em Brasília, nunca se sabe.

No caminho, lembro do presente do dia. Colega de trabalho não liga para a caixa das maravilhosas balas de tangerina canadenses. Tudo bem, tive que impedi-lo de jogá-la no lixo. Uma caixinha de metal redonda ou uma embalagem de sabonete antiga. Não sei se foi isso ou a cor amarela. Crônica do Veríssimo. Uma mulher do tipo esposa neurótica que coleciona caixinhas, desesperadamente. E no fim – a surpresa –, depois de ser ridicularizada por todo mundo, ela mata o marido, pica o corpo em pedacinhos e guarda um pouco em cada caixa. Da série, minhas neuroses ainda podem me servir no futuro.

Com o filme e as dezenas de caixas – as tenho comigo, vazias – penso que se podem matar amantes e colocá-las lá também. Ou pessoas indesejáveis em geral; mais uma piada de suspense e podia ter o Hitchcock. Não me importaria.

Plena noite de domingo, chuva torrencial e os bares estão cheios. Aposto que nunca experimentaram gelatina de uva com vodka. De abraçar o sanitário sorrindo.