sábado, janeiro 22, 2005

Quem está cansado?

Vamos ser sutis enquanto nossa educação e anatomia permitem. Tratemo-nos como idiotas que somos, sem, é claro, ferir o sentimento de ninguém. O sentimento de pertencer e de ser objeto de análise, admiração, respeito. Nada disso. Somos objetos normais. Conversamos sem nunca alcançar qualquer entendimento que valha a pena.
É reconfortante que tenhamos palavras e letrinhas.

((Twenty, twenty, twenty four hours to go, I wanna be sedated))

Thelonious e muita assepsia

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Diamonds on the inside

Vivi como um selvagem, não é possível que vá ter direito a morrer. Medo do gancho afiado, em exposição. Coxa, sobrecoxa, pernil, asa, peito. Não deve haver diferenças. A dor deve continuar para quem não tem direito à vida eterna. A morte eterna. Suposições. E se quiser ir, voltar, escolher. Não vai dar, e isso pode ser um grande alívio no fim. Não vai acabar mesmo. Algum leigo ainda pode querer um assado para o jantar. Uma dona de casa ainda vai pedir para moer cem gramas. Miúdos no lixo, alguém pode querer. O melhor caminho do pior ou a salvação pelo que vem de baixo. Quem gosta de miséria vai se apaixonar por aquilo que acaba sem chegar ao fim. Continuar sentindo a dor na carne.

sábado, janeiro 08, 2005

A menor idéia

Escovar os dentes antes ou depois de trocar de roupa. A segunda opção para hoje. A rotina ficaria mais divertida se eu pudesse ficar em casa e não provar que eu ou quem quer que seja exista. Exista para minha cabeça.

Quando estou morrendo de sono não consigo ficar feliz e articular palavras ou pensar no sentido da existência humana.

Não estamos falando no porquê de as coisas existirem, mas o que elas fazem aqui comigo. Estar com sono de verdade, desde que se nasce é ver a vida passar sem se intrometer muito. Deixar o acaso. A vida não é, a vida fica.

Meu nível de incômodo com as coisas é o mais baixo possível e isso acaba preocupando os outros. Nada vai devolver a inquietação. Parece.

E nada vai mudar fora de mim. E tudo que eu faço não é bom, exceto quando está fora de mim.