sábado, fevereiro 26, 2005

Poses. Such beautiful poses

Quando o dia acabar e não sobrar mais paisagens, pessoas e morbidez, a vida vai ser melhor. Com as pessoas, quase não se pensa. É só falar, olhar e sorrir. Reagir. Fazer cara de nada e não ser incomodado.

Mas aí fica faltando alguém para se falar o que de melhor se pensa e para sorrir o melhor sorriso.

Não é possível ser brilhante todo o tempo, apesar de necessário. Não é a paisagem, não são os prédios e nem as crianças gritando.

É o que dá para pensar quando se finge a solidão.

Depois de várias placas verdes, descobriu o que não queria ser.
E o que queria ser demais.


Ainda vou ser isso e ser aquilo. Ainda vou roubar, matar, ter um filho. Ainda serei míope. Ainda serei linda, ainda serei boba, feia e chata. Ainda vou me afogar. Ainda vou pular, andar até cair, bater o carro.

Ainda vou ficar doente em uma cama de hospital. Ainda vou ser milionária e perder tudo. Ainda vou passar um dia todo na piscina. Vou aprender a pular de ponta e a falar francês.

Ainda vou perder um filho. Ainda vou sustentar um sorriso por meia-hora. Vou ter o carro roubado e recuperado pela polícia no fim do dia. Ainda vou desmaiar e ter todo o tempo do mundo.

Ainda vou ter tudo e mesmo assim chorar. Ainda vou assistir a um velório. Ainda vou ajudar alguém que realmente precise. Vou acertar achando que errei.

Ainda vou beber e tirar a roupa. Ainda vou dormir e sonhar que morri. Ainda vou parar com isso e aquilo.

Ainda vou parar já que o mundo inteiro é muito brega.

domingo, fevereiro 06, 2005

Azar o teu

Foi lá no lava a jato. Eu descobri a fórmula de escolher a melhor forma de fazer algo. Fazer sempre da pior maneira possível.
Quero me mudar de casa, de cidade. Tudo para esquecer, tudo pra chorar só mais uma vez e pronto. E depois parar com isso, que já cansou.

Mais um dia ensolarado e opressor, de todo o mês de fevereiro. Não me renderei.

1. Escolher para comer, dentre os vários tipos de arroz, o cru.
2. Não desapontar o mundo inteiro com as suas atitudes erradas. O não agir.
3. Lauren Bacall sempre.
4. Numerários auto-explicativos.
5. Xampu. Piscina.
6. Uma ode ao egoísmo adquirido em vinte e três anos de massagens no ego vazio, e cheio.
7. Eu não sou obrigada a viajar. Ainda bem.
8. Não há Buarque, Allen ou Antonioni.
9. Um homem de meia-idade aparece em casa com um nariz de palhaço. E insiste em continuar assim.
0. Formular apenas um pensamento genuíno na vida e descobrir a bomba atômica.