segunda-feira, agosto 21, 2006

Pois é, não deu

Tenho perdido muito das palavras bestas que sempre me acompanharam por me deter cada vez mais no significado delas e no efeito real que possa ter causado. Deixo de lado o urgente e passo a me dedicar à beleza do óbvio, não o óbvio ele mesmo. Evitei ao máximo, mas tive que sair, viajar. O antidepressivo faz dormir e aceitar a distância, a velocidade e a altura. Depois de ouvir do taxista que o passageiro mais anormal pediu para descer lá, na Ponte Rio-Niterói, e simplesmente pulou; depois de ouvir no ônibus para Praça XV como se divertem as pessoas que cuidam de velhinhos em Copacabana e moram em Belford Roxo; depois de falar sobre Pascal com um desconhecido no Saara lotado; depois de entrar de chinelo no restaurante e pagar com cartão de débito a refeição mais cara da vida; depois de ouvir o discurso separatista paulistano por toda parte. E ninguém entendeu o que eu fazia sozinha no 17º andar de um quarto de hotel minúsculo na Consolação em pleno domingo. O dia inteiro para me desfazer de palavras e obviedades múltiplas, tudo o que me fazia tão estranha entre avenidas novas, chuva fina, metrô, barca, táxi, bar, aeroporto.

1 Comments:

At 6:34 PM, Anonymous Anônimo said...

Devo dizer que está foto é um dos clichês fotologuianos.

Sobre o texto, uma citação que vem do sul: "Pode valer a pena, não fazendo o não-sabido; João Ninguém cresce como ser involuído; segue o instinto, os fracos chamam coração
e se iguala aos instintivos, é a brilhante solução".

 

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